sexta-feira, 20 de abril de 2007

Nova moda é dar um Google no pretendente

0/04/2007 - 07h25 - Atualizado em 20/04/2007 - 09h24

Informações na web podem mostrar se o 'alvo' tem algo a esconder.

Prática é comum nas empresas, que fazem buscas para conhecer futuros funcionários.

Juliana Carpanez Do G1, em São Paulo entre em contato


Giuliana foge daqueles que participam de 'barracos' on-line (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de conhecer alguém pela internet e cogitar um encontro, você pergunta o nome completo da pessoa, para poder procurá-la no Google. Ou conhece o/a pretendente em uma balada e, antes de marcar algo, faz uma busca virtual para saber se o indivíduo tem algo a esconder. Essa prática, já bastante disseminada entre os usuários de internet, mostra que as "pessoas físicas" adotaram uma tática até então comum entre as "pessoas jurídicas" durante processos de seleção: dar um Google naqueles em que estão interessados.



Na época das redes de relacionamento, sites como Orkut também funcionam como uma vitrine para a vida alheia, mas há uma grande diferença entre esses dois tipos de página. No Orkut, blogs ou fotologs, os usuários mostram o que querem para os xeretas virtuais.

 
 

Já o Google divulga tudo: aquele texto horroroso escrito na adolescência, o comentário infeliz postado no site de um amigo, sua classificação na lista do vestibular e muito, muito mais. 

 
 

Por causa da eficiência da página mais popular de sua categoria, os internautas criaram o lema "se não está no Google, não existe". E dá-lhe buscas. 

 
 

Enquete: você já investigou a vida de alguém na internet antes de um encontro? 

 
 

 
 

 Investigação

Dona do blog Andorinhas Mudam, Giuliana Xavier, 25, foge dos internautas que se metem em "barracos" on-line, como discussões exageradas nos comentários de diários virtuais. "Nerd" assumida, a web designer conhece muita gente pela internet e admite que as buscas no Google a ajudam a descobrir mais sobre essas pessoas.



Para fazer essa "investigação", ela aprendeu a usar diferentes combinações de nomes e sobrenomes. Recentemente, depois de descobrir o sobrenome de alguém que elogiava seu antigo blog, conseguiu identificar detalhes, como a universidade onde a pessoa havia estudado. "Dá pra saber até sua posição na lista de classificação", brinca. Por saber disso, Giuliana prefere não usar seu nome completo na web, mas sim um pseudônimo.


 

Clayton cancelaria encontro se encontrasse algo indesejado na web (Foto: Arquivo Pessoal)

Saiba mais

O técnico em comunicação Clayton Alessandro da Silveira, 29, também é da turma que aposta na ferramenta de buscas para se prevenir. "Quando realmente me interesso por uma pessoa, já usei o Google como fonte de informações sobre ela", afirmou. E ele leva a ajuda a sério, já que cancelaria um encontro caso encontrasse na web algo indesejado sobre sua pretendente.

Nesses casos, vale a máxima de não buscar aquilo que você não quer saber. Mas é importante ter em mente que na web não faltam homônimos -- seu alvo pode ter o mesmo nome de uma pessoa com passado duvidoso --, calúnias e informações das quais as pessoas se arrependem. Nem todas as opiniões escritas naquele blog da adolescência, por exemplo, serão mantidas quando o internauta chegar aos seus vinte e poucos anos.

 Excesso de informação

Giuliana reconhece a importância do Google para saber mais sobre as pessoas, mas afirma que o excesso de informação disponível pode atrapalhar. Ela percebeu isso quando namorou o dono de um blog famoso, uma pessoa bastante popular no universo virtual. "Pirei, porque sabia demais sobre ele. Quando dava uma busca vinham muitas coisas e eu não conseguia acompanhar tudo", conta, lembrando que o namoro (já terminado) começou pela internet.





Em entrevista à agência de notícias Associated Press, o psiquiatra Paul Dobransky, autor de  "The Secret Psychology of How We Fall in Love" (a psicologia secreta de como nos apaixonamos), defendeu o uso das informações encontradas on-line como "apenas uma parte do todo". "Não há mal nenhum em buscar pessoas na internet, mas o foco deve continuar sendo o cara a cara na hora de fazer o julgamento final", disse o especialista que tem 970 referências no Google.


 

http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL24327-6174-5669,00.html